Sonho e Devaneios
Acordei sobressaltado com alguém apitando em meu
ouvido. Procurando entender o que estava acontecendo, tentei abrir os olhos no
quarto escuro. Que apito que nada, era o rádio relógio me despertando para mais
um dia de lida.
Mais que depressa fui desliga-lo para não acordar o
resto da família. Com as ideias já em ordem, tentei recordar o que havia
sonhado.
Antes mesmo de fazer a higiene matinal corri para o
computador para escrever com detalhes, “antes que me esquecesse”, os devaneios
de uma noite quente de outono.
Era um domingo à tarde. Após quase meia hora na fila
consegui adentrar no “Alonsão”. O jogo não era de campeonato, mas dos dois
lados que eu olhava dava gosto de ver, as arquibancadas estavam repletas. Era
tanta gente que tive de ficar em pé junto ao alambrado.
Na preliminar do derby regional, um bando de garotos
corria pra lá e pra cá sobre o olhar atento do treinador; um senhor franzino,
mas com disposição de um jovem de 20 anos. Quando ele olhou em minha direção,
não acreditei: -Não pode ser, pensei; mas era. Lá estava o seu Geraldo Mazei
comandando a garotada.
Contente pela grata surpresa, olhei em direção às
cabines de rádio. Lá estavam todas as emissoras da cidade. Um misto de espanto
e alegria tomou conta de mim ao ver quem eram os narradores. Empunhando os
microfones: Pio de Almeida, Nelson Moura, João Antonio de Oliveira, Izaque
Ferreira, e na emissora visitante, quem transmitia com a eloquência de sempre
era ninguém menos do que o pai da matéria, sim, era ele mesmo, Osmar Santos.
Nossa mãe, como fiquei contente ao ouvi-lo novamente narrando uma partida de
futebol. Era um milagre, e que milagre.
Os comentaristas? Val Araújo, Pereirinha, professor
Sílvio Santos, Mário Motta, Elcio Veloso.
No gramado do Alonsão em busca das melhores
reportagens, Davi de castro, Mauri Magrão, Pedrinho Bassan, Ângelo Neto, Wilson
Reinaldo, Edson Carlos e Marco Antonio.
Os diretores do time corriam pra lá e pra cá,
ultimando os últimos detalhes da partida. Na diretoria só tinha gente nossa. Lá
estavam: Santo da Silva, Luciano Reis, seu Amauri Giarduli, o Amélio Muccio
Mazei, o Luiz Carlos Costa, o Beto do Brasão, todos unidos com um único
interesse, o Tupã FC.
Quando um juiz adentrou o estádio foi recepcionado por
quase dez mil pessoas, que em coro gritavam os mais belos elogios, a ele e á
senhora sua mãe. Também não resisti, e soltei um belo de um elogio à genitora
do pobre.
Não demorou muito e o tricolor mais querido da Alta
Paulista entrou em campo. O estádio quase veio abaixo, foram quase cinco minutos
de fogos e uma chuva de papel picado nunca vista antes. Para meu espanto, os
papéis ao cair ao chão se transformavam em rosas vermelhas e cravos de defunto.
Entre as frestas do alambrado eu olhava encantado toda
aquela movimentação de repórteres e jogadores
no tapete verdinho do Alonsão. Lá estavam: Wagner, Rubinho, Zezé, Nadir,
Caveira, Nardinho, Edvaldo, Nelson Borges, Ailton (gasolina), o capitão
Ferreira. O jogo nem havia começado e a torcida gritava em coro. Põe o Pulga,
tira o Pulga, tudo era festa.
Quando o juiz apitou dando inicio à partida... o
relógio despertou.
Maldito relógio, tinha que cortar meu barato, justo na
hora que assistiria aquele que seria o último jogo do Tupã FC.
Por J. Barbosa em 28/03/2006
Nota: J. Barbosa é profissional do rádio em Tupã-SP
Sonho e Devaneios
Reviewed by ELIO SILVA
on
2/16/2019
Rating:
Lindo devaneio. Já fui ao estádio na cidade de Lucélia. E exatamente assim.
ResponderExcluirVocê descreveu a espera pelo jogo do seu time, o Tupã, eu daqui, tanto tempo depois, me senti esperando pelo jogo do Lucélia Futebol Clube. Revivi.