A Reconstrução da Europa l
1945 – A Reconstrução da Alemanha e da Europa
Fim da guerra na Europa. A Europa e os aliados choram seus
mortos, os pais idosos choram a morte dos filhos e o desamparo.
Os filhos, crianças, choram a morte do pai. Os mutilados
choram sua dor.
Sem casa, cidades inteiras destruídas e ainda em chamas.
Só dor e destruição provocados pela insensatez de um homem:
Adolf Hitler.
As tropas alemãs capitularam em 7 e 8 de maio de 1945. Os
membros do último governo do Reich, encabeçado pelo almirante Karl Dönitz,
foram presos. Juntamente com outros líderes da ditadura nazista. Eles responderão
por seus crimes contra a humanidade perante o tribunal de Nuremberg instalado pelos
aliados.
As quatro potências vencedoras: Estados Unidos, Reino Unido,
França e União Soviética assumiram o poder.
Dividiram o território alemão em quatro zonas de ocupação.
Sob o controle soviético ficaram os territórios a leste dos
rios Oder e Neisse.
Berlim e parte da cidade que passaria chamar-se Alemanha Ocidental,
também foi dividida em quatro setores.
A divisão de Berlim entre
as 4 potências
Os diferentes sistemas de domínio no Ocidente e no Leste
geraram divergências entre os Aliados.
Eles não conseguiam definir uma política comum para a
Alemanha derrotada. Na Conferência de Potsdam, que ocorreu entre 17 de julho e
2 de agosto de 1945 para estabelecer as bases de uma nova ordem europeia no
pós-guerra, só houve consenso quanto a quatro ações prioritárias na Alemanha:
desnazificar, desmilitarizar, descentralizar a economia e reeducar os alemães
para a democracia.
Muitas indústrias alemãs haviam escapado dos bombardeios,
mas a pequena oferta de produtos estava longe de suprir a demanda, e os Aliados
confiscaram grande parte da produção para o pagamento da reparação de guerra.
A política econômica restritiva dos Aliados só mudou quando
se impôs a convicção de que a Alemanha Ocidental poderia ser um importante
baluarte contra o avanço do comunismo soviético.
Em 5 de junho de 1947, o secretário de Estado dos EUA,
George Marshall, anunciou a ajuda à Europa do pós-guerra. O ponto central do
Plano Marshall era a reconstrução da economia e o combate à fome e à pobreza.
As rações de pão, de uma fina fatia por dia, eram
constrangedoras, anunciava o jornal londrino News Chronicle.
Havia protestos e greves não só na zona britânica da
Alemanha então dividida, mas também na região ocupada pelos norte-americanos. A
catástrofe da fome ameaçava afundar grande parte da Alemanha numa crise, em
meados de 1947.
Também por causa do inverno, que havia sido especialmente
rigoroso, a imprensa dava manchetes, diariamente, sobre famintos e pessoas
congeladas.
A taxa de suicídio era alta. As pessoas tentavam se ajudar roubando
carvão dos trens para o aquecimento, apesar da rigorosa proibição. As cidades
maiores, como Berlim e Hamburgo, anunciavam o colapso de suas reservas
econômicas e morais.
Na região industrial do Ruhr, no oeste da Alemanha, zona
ocupada pelo Reino Unido, o lorde Francis A. Pakenham observava a miséria
pessoalmente. Ele disse ao ministro da Agricultura, Heinrich Lübke, que mais
tarde tornou-se presidente da Alemanha: "O senhor sabe que os marinheiros
estão aí para o transporte de cereais, os navios estão aí e os famintos também.
O que está faltando são as pessoas certas no lugar certo, com o poder na
mão".
A pessoa certa no lugar certo
Um homem no posto certo em Washington usou deste poder:
George Catlett Marshall, ex organizador do Estado-maior da maquinaria de guerra
dos Estados Unidos e então secretário de Estado. Com um discurso memorável, no
dia 5 de junho de 1947, na Universidade de Harvard, em Nova York, ele delineou
a política de estabilização e fortalecimento das forças de resistência econômica
e política dos países da Europa Ocidental.
"A política dos Estados Unidos não é dirigida contra um
país ou uma ideologia", esclareceu Marshall, "mas contra a fome, a
pobreza, o desespero e o caos." E acrescentou: "Quem tentar bloquear
a reconstrução de outros países não pode esperar ajuda". Ele se referiu
com isso ao bloco comunista do Leste Europeu, que realmente foi excluído da
ajuda exterior, aprovada em 3 de abril de 1948.
Dólares para reconstrução da Alemanha
A partir daí, a ajuda financiada pelo Plano Marshall não
aconteceu apenas na Alemanha. Até 1952, outros países europeus ocidentais
necessitados receberam adubo, matérias-primas, combustíveis, máquinas e
medicamentos no valor aproximado de 13 bilhões de dólares. Da ajuda americana
de quase 3,3 bilhões de dólares no pós-guerra, o governo de Bonn pagou mais de
um bilhão de dólares até meados de 1978, como previa o acordo.
O resto foi depositado pelos importadores alemães em moeda
nacional (marco) no chamado fundo de compensação que, conforme o acordo
assinado em dezembro, reunia o chamado recurso especial ERP.
Este dinheiro ficava separado dos demais recursos federais e
também do orçamento da União alemã. Ele era usado para empréstimos de longo
prazo e juros favorecidos às empresas, principalmente para as pequenas e
médias.
O chamado Plano Marshall disponibilizou 18 bilhões de
dólares de 1948 a 1952. A equivalência do plano Marshall nos dias de hoje seria
em torno de 123 bilhões de dólares.
Plano Marshall, ou Plano de Recuperação Europeia, foi
um programa de ajuda econômica dos EUA aos países da Europa Ocidental após a II
Guerra Mundial.
O objetivo do plano era reconstruir economicamente os países
europeus ocidentais que foram destruídos ou que sofreram perdas com a
ocorrência da guerra.
George Catlett Marshall
O Plano Marshall recebeu esse nome em homenagem a seu
idealizador George Catlett Marshall, um
general do exército estadunidense, e totalizou um aporte de 18 bilhões de
dólares aos europeus, utilizados para a reconstrução de edificações e indústrias,
importação de alimentos e mercadorias industrializadas, bem como no
financiamento da agricultura.
Alguns órgãos foram criados para administrar os recursos
financeiros, como a Administração de Cooperação Econômica, pelos
EUA, e a Organização Europeia de Cooperação Econômica (OECD).
O Plano Marshall vigorou entre 1948
e 1952, sendo o principal motivo para o rápido arranque econômico dos países
europeus. Os principais beneficiados foram a Inglaterra, a França e a Itália,
entre os europeus, e os EUA, que conseguiram criar as instituições de
fortalecimento da internacionalização dos capitais na segunda metade do século
XX.
A Zona de Ocupação Soviética não teve a mesma sorte, tendo
que arcar sozinha com os custos de sua recuperação, além de sofrer a sangria
das reparações de guerra (que também afetou a parte ocidental) e o esvaziamento
pela desmontagem de fábricas, estradas de ferro e instalações, etc., levadas
para a União Soviética.
Fábrica de motos em
Zschopau, na Alemanha Oriental (1971)
Reforma monetária e criação de dois Estados alemães
Após unir suas três zonas de ocupação, os aliados ocidentais
– Estados Unidos, França e Reino Unido decidiram, em 20 de junho de 1948,
implantaram uma reforma monetária e criaram um Estado provisório sob seu
controle.
Um mês depois, cada cidadão alemão pôde trocar 40 Reichsmark
(a moeda vigente até então, instaurada em 1924) por 40 unidades da moeda então
introduzida pelos Aliados: o marco alemão (Deutsche Mark, ou DM).
Para empresários e autônomos, a relação de troca era mais
favorável.
Stalin reagiu à reforma monetária na Alemanha Ocidental
ordenando que o lado ocidental de Berlim fosse bloqueado.
Para incorporar essa parte da cidade à Zona de Ocupação
Soviética, mandou interditar todas as comunicações por terra. Isolou Berlim
Oriental de Berlim Ocidental
Berlim Oriental ficou sem luz nem alimentos de 23 de junho
de 1948 até 12 de maio de 1949. A população só sobreviveu graças a uma ponte
aérea organizada pelos Aliados, que garantiu seu abastecimento.
No dia 23 de maio de 1949, os aliados ocidentais promulgaram
a Lei Fundamental, elaborada por um conselho parlamentar, dando origem à
República Federal da Alemanha (RFA)
O novo Estado tinha Bonn por capital.
A União Soviética, que integrara a zona leste do país à sua
estrutura de poder, não ficou atrás, anunciando, em outubro de 1949, a fundação
da República Democrática Alemã (RDA), tendo Berlim Oriental como capital.
Seu regime era comunista e de economia planificada, dando
prosseguimento à socialização da indústria e ao confisco de terras e de
propriedades privadas.
O Partido Socialista Unitário passou a ser a única força
política na "democracia antifascista" alemã-oriental.
Com o surgimento de dois Estados, a Alemanha tornou-se o
marco divisório de dois blocos e sistemas político-econômicos antagônicos
liderados pelos EUA, de um lado, e pela União Soviética, de outro. Em nenhuma
outra parte do mundo a Guerra Fria se manifestou com tanta intensidade. A
divisão alemã persistiu até 1989.
RFA e RDA: dois caminhos diferentes
De 1949 até o início da década de 70, o desenvolvimento da
República Federal da Alemanha foi marcado por uma rápida reconstrução do país,
do Estado e das instituições democráticas, pela recuperação econômica
impulsionada pelo Plano Marshall e pela estabilidade interna. Na política
interna, os esforços concentraram-se em superar a divisão da Alemanha, ou em
atenuar suas consequências.
Na política exterior, a RFA ligou-se estreitamente ao bloco
liderado pelos EUA e participou do processo de integração europeia nas
comunidades que foram surgindo no pós-guerra.
A RDA, por sua vez, filiou-se ao Pacto de Varsóvia. Ainda
que a Alemanha comunista não tivesse plena autonomia em relação a Moscou, o
chefe de Estado e do partido, Erich Honecker, caracterizou sua versão de
"socialismo realmente existente".
No Leste Europeu, a República Democrática Alemã era tida
como exemplo de um país socialista que conseguiu dar um bom nível de vida à sua
população.
Cerca de arame
fartado e trincheiras
De 1949 a 1961, quase 3 milhões de pessoas fugiram da
Alemanha comunista para os setores ocidentais de Berlim. Somente em julho de
1961, 30 mil pessoas escaparam.
Não havia outra maneira de impedir a fuga a não ser com a
construção de uma barreira física.
A Primeira barreira foi de arame farpado.
Depois veio o muro. O Muro dividiu a cidade de Berlim, dividiu famílias, dividiu amigos, dividiu sonhos.
Continua em A
Reconstrução da Europa II
Por Aparecida Coslop em 25/04/2019
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A Reconstrução da Europa l
Reviewed by ELIO SILVA
on
4/25/2019
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