Pecado Capital






Aquela manhã parecia ser igual à outra qualquer

Aquela manhã parecia ser igual à outra qualquer. Levantei-me na mesma hora de sempre, pouco antes das 4:00h da madrugada. “Às vezes penso que o ser humano é um robô e não sabe. Já notaram que todos os dias a gente segue quase sempre o mesmo ritual, a mesma rotina?”

Fiz a higiene matinal, tomei meu café, dei uma olhada nos e-mails para ver se havia alguma mensagem nova e, em seguida, subi na moto e fui para o trabalho.

Durante o percurso fui divagando sobre as figuras que sempre encontro pelo caminho todas as manhãs. Não temos por aqui uma vida agitada como a dos grandes centros, mas nem por isso pode-se dizer que não existe vida em nossas madrugadas.

Mesmo no meio da semana quando não há bailes (para os mais antigos) e baladas (para os mais jovens), existem muitos bares e lanches que permanecem abertos durante a noite toda.

É comum também encontrar nesse horário, garotas de programa (algumas nem tão garotas assim) ou travestis perambulando pelas ruas. Ficam desde a Rua Marília até a famosa esquina da Rua Caetés com a Rua Carijós. 

Naquela manhã, talvez devido à brisa gelada e a temperatura de apenas 15°C,  não vi nenhum desses profissionais do sexo durante o percurso.
Como de costume segui pela Rua Marília, R. Aimorés, R. Caetés e Av . Tamoios, até chegar ao Edifício Cinquentenário, na Rua Cherentes, no centro de Tupã.

Quando desci da moto e me virei para subir a escada de acesso à portaria, lá estava “ela” no último degrau. Confesso que há tempos não via igual. Desejada por muitos,  mas privilégio de poucos, estava ali sozinha da “silva”, em plena madrugada, se “oferecendo só para mim e mais ninguém”.

Olhei de um lado e do outro, ninguém na rua, nem mesmo o “seu guarda”, o vigia do quarteirão. Pensei com meus botões:

"Sem ninguém para me questionar, será moleza pegá-la”.

Várias indagações me vieram à mente naquele momento. Quantos políticos, empresários, quantos chefes de família perdem a vergonha e a moral para possuí-la. Para essas pessoas, uma só é pouca, todos querem várias da espécie dela. Quantos não caem em tentação, às vezes perdendo a dignidade e até a família, todos cegos pelos desejos de possuí-las.

Tudo isso é verdade, mas não conheço nem um homem que consiga viver muito tempo sem ela. Nem mesmo o Papa consegue. A diferença é que lá em Roma ela tem outro nome.
Ficar ali divagando sobre tudo isso não daria. Eu tinha que agir rápido antes que aparecesse alguém.

Mais que depressa passei a mão naquela belezura e entrei rapidamente sem nem mesmo olhar para trás.

Acalme-se, antes que o amigo leitor ou a amiga leitora comece a imaginar coisas, pensando que sou um devasso da pior espécie, vou esclarecer: 
“Ela" era apenas uma cédula de cem reais”.

Por J. Barbosa em 03/07/2006
Nota:
- J. Barbosa  é  Profissional do Rádio Na Cidade de Tupã-SP
- Fotografia: Internet
 Texto cedido pela autor
Pecado Capital Pecado Capital Reviewed by ELIO SILVA on 4/20/2019 Rating: 5

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