O Mamoeiro (Carica Papaya)

O Mamoeiro

O pé de mamão apresentado na fotografia acima está deitado no solo do meu quintal. A sua história desde o nascimento até o presente está sendo construída em meio a desafios e obstáculos. O “dito cujo” nasceu entre aquele limoeiro ao fundo; no início pensei em arrancá-lo daquele local, mas sabedor de que é comum esta planta se dar bem no local aonde nasce, então resolvi deixá-lo ali para ver o que aconteceria. Pois bem, ele cresceu por entre galhos e folhas e se tornou forte destacando-se no porte em relação ao seu concorrente. Depois, em um dia de tempestade os ventos fortes o derrubou e ele ficou escorado no telhado de casa produzindo um dos melhores mamões que já saboreamos por aqui (docinho, docinho!), mais uma vez resolvi deixá-lo daquela forma, pois a sua força para se manter vivo me deixava perplexo.

Mas chegou o dia em que por conta própria tomei a decisão de por fim a sua jornada (como se não o conhecesse a tempos), então subi no telhado e o empurrei em direção ao solo. Lá caiu, lá ficou e lá está. Morto? Não. Por incrível que pareça lá está o meu mamoeiro lutando para preservar a sua vida e a sua espécie. Acho que ainda colherei frutos deste herói anônimo. 

Resiliência

Umas das definições que usarei para explicar o significado desta palavra segue abaixo: “capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças”. Gosto de praticar a arte da observação, pois isso me tem ajudado em muitos aspectos de minha vida. Falar aqui de um simples mamoeiro, talvez pareça algo insignificante, mas dessa história podemos subtrair algo precioso. Assim como ele, nós seres humanos ao longo de nossa vida encontramos fatores adversos a nossa vontade, obstáculos que pensamos jamais superar, mas existe essa “tal de resiliência” que a natureza oferece gratuitamente a um pé de mamões e para nós também.Assim nos é possível ao longo do tempo seguirmos nossas trajetórias neste mundo conturbado, onde temos a presença marcante de obstáculos, de desafios, de concorrentes, de decepções, de abalos físicos e emocionais, mais uma vez, por incrível que pareça, tudo isso se torna combustível para que cresçamos e possamos pôr em prática a nossa “capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças”, a nossa resiliência. Assim, tal qual o mamoeiro, a cada “tombo” que levamos, nós podemos se levantar mais fortes! “Existem vitórias e fracassos, não soluções. Não se resigne: resista” (Viviane Forrester – Escritora Francesa). Jamais devemos nos resignar, pois isso seria perder a oportunidade de usar a nossa capacidade de resiliência.

Por Elio Silva em 16/06/2019
Nota: Imagens: Arquivo Pessoal