Ata de 223ª Reunião do COPOM
Observação: a próxima Reunião ocorrerá no dia 30 de
julho de 2019.
A ata do COPOM (Comitê de Política Monetária) tem os membros
participantes do conselho, a conjuntura econômica da data da reunião, a decisão
quanto a manutenção ou não da taxa Selic e a perspectiva futura de mercado.
Considerando que publicamos neste Blog artigos referentes ao
Tesouro Direto e Investimentos financeiros, nós achamos por bem publicar uma
das Atas do COPOM (a última disponível) para que os leitores a conheçam tanto no seu formato, quanto no seu conteúdo.
Assim, você caro investidor estará se familiarizando com um instrumento importantíssimos para as suas tomadas de decisões na hora de realizar os seus investimentos.
Segue, na integra, uma apresentação dessa reunião.
Ata da 223ª
Reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil 18 e
19 de junho de 2019
Data: 18 e 19/6/2019
Local: Salas de reuniões do 8º andar (18/6)
e do 20º andar (19/6) do Edifício-Sede do Banco Central do Brasil – Brasília –
DF
Horário
de início e de término das sessões: 18/6: 11h05 – 13h10; 15h04 – 19h01
19/6: 14h00
– 18h05
Presentes:
Membros
do Copom
Roberto
Oliveira Campos Neto – Presidente
Bruno Serra
Fernandes
Carlos Viana
de Carvalho
Carolina de
Assis Barros
João Manoel
Pinho de Mello
Maurício
Costa de Moura
Otávio
Ribeiro Damaso
Paulo Sérgio
Neves de Souza
Tiago Couto
Berriel
Chefes de
Departamento responsáveis por apresentações técnicas (presentes em 18/6)
Alan da
Silva Andrade Mendes – Departamento das Reservas Internacionais
André
Minella – Departamento de Estudos e Pesquisas (também presente em 19/6)
André de
Oliveira Amante – Departamento de Operações do Mercado Aberto
Flávio Túlio
Vilela – Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos
João Barata
Ribeiro Blanco Barroso – Departamento de Assuntos Internacionais
Tulio José
Lenti Maciel – Departamento Econômico
Demais
participantes (presentes em 18/6)
Adalberto
Felinto da Cruz Junior – Secretário Executivo
Angelo José
Mont’Alverne Duarte – Chefe do Departamento de Competição e de Estrutura do
Mercado Financeiro
Enrico
Bezerra Ximenes de Vasconcelos – Secretário do Comitê de Estabilidade
Financeira e Consultor da Diretoria
Eugênio
Pacceli Ribeiro – Chefe de Gabinete do Diretor de Política Econômica
Fabia
Aparecida de Carvalho – Chefe Adjunta do Departamento de Estudos e Pesquisas
Fabio Araujo
– Chefe da Assessoria Econômica ao Presidente
Fernando
Alberto Sampaio Rocha – Chefe do Departamento de Estatísticas
Gilneu
Francisco Astolfi Vivan – Chefe do Departamento de Monitoramento do Sistema
Financeiro
Leonardo
Martins Nogueira – Chefe de Gabinete do Presidente
Márcio
Antônio Estrela – Chefe de Gabinete do Diretor de Assuntos Internacionais e de
Gestão de Riscos Corporativos
Mauro
Zanatta – Assessor de Imprensa
Ricardo Eyer
Harris – Chefe de Gabinete do Diretor de Regulação
Rogério
Antônio Lucca – Chefe de Gabinete do Diretor de Política Monetária
Os membros
do Copom analisaram a evolução recente e as perspectivas para a economia
brasileira e para a economia internacional, no contexto do regime de política
monetária, cujo objetivo é atingir as metas fixadas pelo Conselho Monetário
Nacional para a inflação.
A) Atualização da conjuntura econômica e do
cenário básico do Copom1
1 A menos de
menção explícita em contrário, esta atualização leva em conta as mudanças
ocorridas desde a reunião do Copom em maio (222ª reunião).
1.
Indicadores recentes da atividade econômica indicam interrupção do processo de
recuperação da economia brasileira nos últimos trimestres. O cenário do Copom
contempla retomada desse processo adiante, de maneira gradual.
2. A
economia segue operando com alto nível de ociosidade dos fatores de produção,
refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e,
principalmente, na taxa de desemprego.
3. O cenário
externo mostra-se menos adverso, em decorrência das mudanças nas perspectivas
para a política monetária nas principais economias. Entretanto, os riscos
associados a uma desaceleração da economia global permanecem.
4. Diversas
medidas de inflação subjacente se encontram em níveis apropriados, inclusive os
componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária.
5. As
expectativas de inflação para 2019, 2020 e 2021 apuradas pela pesquisa Focus
encontram-se em torno de 3,8%, 4,0% e 3,75%, respectivamente.
6. No
cenário com trajetórias para a taxa de juros e de câmbio extraídas da pesquisa
Focus, as projeções do Copom situam-se em torno de 3,6% para 2019 e 3,9% para
2020. Esse cenário supõe, entre outras hipóteses, trajetória de taxa Selic que
encerra 2019 em 5,75% a.a. e se eleva a 6,50% a.a. em 2020. Também supõe
trajetória de taxa de câmbio que termina 2019 e 2020 em R$3,80/US$. Nesse
cenário, as projeções para a inflação de preços administrados são de 3,9% para
2019 e 4,6% para 2020.
7. No
cenário com taxa Selic constante em 6,50% a.a. e taxa de câmbio constante a
R$3,85/US$2, as projeções condicionais para a inflação situam-se em torno de
3,6% para 2019 e 3,7% para 2020. Nesse cenário, as projeções para a inflação de
preços administrados são de 3,9% para 2019 e 4,6% para 2020.
Riscos em
torno do cenário básico para a inflação
8. O cenário
básico do Copom para a inflação envolve fatores de risco em ambas as direções.
9. Por um
lado, (i) o nível de ociosidade elevado pode continuar produzindo trajetória
prospectiva abaixo do esperado.
10. Por
outro lado, (ii) uma eventual frustração das expectativas sobre a continuidade
das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios
de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a
política monetária. O risco (ii) se intensifica no caso de (iii) deterioração
do cenário externo para economias emergentes.
11. O Comitê
avalia que o balanço de riscos para a inflação evoluiu de maneira favorável,
mas entende que, neste momento, o risco (ii) é preponderante.
C)
Discussão sobre a condução da política monetária
12. Os
membros do Comitê avaliaram a evolução da atividade econômica à luz dos
indicadores e informações disponíveis. Concluíram que houve interrupção do
processo de recuperação da economia brasileira nos últimos trimestres. Essa
interrupção fica nítida quando se adota perspectiva um pouco mais longa, que
sugere ter havido uma mudança na dinâmica da economia após o segundo trimestre
de 2018. Sob essa perspectiva, a recuperação da atividade econômica, que
ocorria em ritmo gradual até então, perdeu ímpeto. Após leve recuo no primeiro
trimestre de 2019, em decorrência dessa perda de dinamismo e de alguns choques
pontuais, o Produto Interno Bruto (PIB) deve apresentar desempenho próximo da
estabilidade no segundo trimestre.
13. Os
membros do Copom avaliaram que, em grande medida, os efeitos sobre a atividade
econômica dos principais choques sofridos pela economia brasileira ao longo de
2018 se dissiparam. Além disso, as condições financeiras, que sofreram aperto
relevante entre o segundo e quartos trimestres de 2018, já caminharam para
terreno mais estimativo. Nesse contexto, o cenário básico do Copom contempla
retomada do processo de recuperação econômica adiante, de maneira gradual.
14. Os
membros do Copom debateram, também, fatores que poderiam restringir o
crescimento econômico, no contexto dos profundos ajustes necessários na
economia brasileira, especialmente os de natureza fiscal. Reiteraram a visão de
que a manutenção de incertezas quanto à sustentabilidade fiscal tende a ser
contracionista. Em especial, incertezas afetam decisões de investimento que
envolvem elevado grau de irreversibilidade e, por conseguinte, necessitam de
maior previsibilidade em relação a cenários futuros. Em contexto de espaço
fiscal limitado para investimentos públicos, enfatizaram a importância de
reformas que gerem sustentabilidade da trajetória fiscal futura. Ao reduzirem
incertezas fundamentais sobre a economia brasileira, essas reformas tendem a
estimular o investimento privado. Esse potencial efeito expansionista deve, em
alguma medida, contrabalançar impactos de ajustes fiscais de curto prazo sobre
a atividade econômica, além de mitigar os riscos de episódios de forte elevação
de prêmios de risco, como o ocorrido em 2018.
15. O Copom
reiterou o entendimento de que uma aceleração do ritmo de retomada da economia
para patamares mais robustos dependerá, também, de outras iniciativas que visam
ao aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da
economia e melhoria do ambiente de negócios. Esses esforços são fundamentais
para a retomada da atividade econômica e da trajetória de desenvolvimento da
economia brasileira.
16. No que
tange à conjuntura internacional, os membros do Copom ponderaram que o cenário
se mostra menos adverso. Bancos centrais das principais economias sinalizaram,
com clareza, disposição para provisão de estímulos monetários adicionais em
caso de necessidade, o que contribuiu para afrouxamento das condições
financeiras globais. Não obstante essa melhora, os membros do Copom avaliam que
os riscos associados a uma desaceleração da economia global permanecem e que
incertezas sobre políticas econômicas e de natureza geopolítica podem
contribuir para um crescimento global ainda menor. Diante das evidências de
desaceleração econômica em vários países, alguns membros do Copom ponderaram
que o ambiente global pode ser fator mais relevante para a dinâmica da
atividade econômica do que o antevisto. Nesse contexto, voltaram a destacar a
capacidade que a economia brasileira apresenta de absorver revés no cenário
internacional, devido ao seu balanço de pagamentos robusto, à ancoragem das
expectativas de inflação e à perspectiva de reformas estruturais e de retomada,
adiante, do processo de recuperação econômica.
17. Os
membros do Copom discutiram as projeções recentes para a inflação e os níveis
de diversas medidas de inflação subjacente. Avaliaram que estas últimas
encontram-se em níveis apropriados. No que tange às projeções de mais curto
prazo, pontuaram que o recuo da inflação de alimentos e movimentos recentes
favoráveis nos preços de combustíveis e de energia elétrica tendem a produzir
inflação mais baixa do que o previsto anteriormente. Essas revisões explicam
parte substantiva da queda nas projeções condicionais para o IPCA de 2019. No
horizonte relevante para a política monetária, que inclui principalmente o ano-calendário
de 2020, os cenários com taxas de juros constantes produzem inflação um pouco
abaixo da meta para 2020, enquanto os cenários com trajetória de juros extraída
da pesquisa Focus, que embutem provisão de estímulos monetários adicionais,
produzem inflação em torno da meta.
18. Os
membros do Copom debateram então a evolução, desde sua reunião anterior, dos
fatores destacados em seu balanço de riscos em torno do cenário básico para
inflação. Todos concordaram que o balanço de riscos evoluiu de maneira
favorável. Não obstante, ressaltaram que a consolidação do cenário benigno
refletido nas expectativas de inflação e nas projeções condicionais acima
reportadas depende do andamento das reformas e ajustes necessários na economia
brasileira, que são fundamentais para a manutenção do ambiente com expectativas
de inflação ancoradas. Uma eventual frustração das expectativas sobre a
continuidade dessas reformas e ajustes pode afetar prêmios de risco e elevar a
trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária. O
Comitê avalia que, neste momento, esse é o fator preponderante em seu balanço
de riscos.
19. O Copom
avalia que a conjuntura econômica com expectativas de inflação ancoradas,
medidas de inflação subjacente em níveis apropriados, projeções que indicam
inflação em 2020 em torno ou um pouco abaixo da meta e elevado grau de
ociosidade na economia prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com
taxas de juros abaixo da taxa estrutural. A taxa de juros estrutural é um ponto
de referência para a condução da política monetária. Quando essa política
produz uma taxa de juros real (ex-ante) aquém da taxa estrutural, ela
provê estímulos para a atividade econômica e contribui para um aumento da
inflação. Como a taxa estrutural não é observável e a atividade econômica e a
inflação dependem de diversos outros fatores, estimativas dessa taxa envolvem
elevado grau de incerteza e são continuamente reavaliadas pelo Comitê. Não
obstante, os membros do Copom avaliam que as atuais taxas de juros reais ex-ante
têm efeito estimulativo sobre a economia. Essa avaliação não é
inconsistente com o desempenho da economia aquém do esperado, posto que a
atividade econômica sofre influência de diversos outros fatores, conforme
destacado acima.
20. Os
membros do Copom debateram também as condicionalidades que prescreveriam
política monetária estimulativa. Todos concordaram que o grau de estímulo
adequado depende das condições da conjuntura, em particular, das expectativas
de inflação, da capacidade ociosa na economia, do balanço de riscos e das
projeções de inflação. Em especial, a provisão de estímulo monetário requer
ambiente com expectativas de inflação ancoradas.
21. Na
sequência, os membros do Copom avaliaram a decisão de política monetária
adequada, tendo em vista a evolução do cenário básico e do balanço de riscos
desde sua reunião em maio (222ª reunião). Todos concluíram pela manutenção da
taxa Selic em 6,50% a.a.
22. O Comitê
julga importante observar o comportamento da economia brasileira ao longo do tempo,
com redução do grau de incerteza a que continua exposta.
23. Os
membros do Copom reafirmaram sua preferência por explicitar condicionalidades
sobre a evolução da política monetária, o que melhor transmite a racionalidade
econômica que guia suas decisões. Isso contribui para aumentar a transparência
e melhorar a comunicação do Comitê.
24. O Comitê
reitera sua visão de que a continuidade do processo de reformas e ajustes
necessários na economia brasileira é essencial para a queda da taxa de juros
estrutural, para o funcionamento pleno da política monetária e para a
recuperação sustentável da economia. O Comitê ressalta ainda que a percepção de
continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções
macroeconômicas correntes. Em particular, o Comitê julga que avanços concretos
nessa agenda são fundamentais para consolidação do cenário benigno para a
inflação prospectiva. O Copom ressalta que os próximos passos da política
monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço
de riscos e das projeções e expectativas de inflação.
D)
Decisão de política monetária
25.
Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de
informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, pela manutenção da taxa
básica de juros em 6,50% a.a. O Comitê entende que essa decisão reflete seu
cenário básico e balanço de riscos para a inflação prospectiva e é compatível
com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a
condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2019 e,
principalmente, de 2020.
26. O Copom
reitera que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa,
ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural.
27. O Comitê
julga importante observar o comportamento da economia brasileira ao longo do
tempo, com redução do grau de incerteza a que continua exposta.
28. O Comitê
enfatiza que a continuidade do processo de reformas e ajustes necessários na
economia brasileira é essencial para a queda da taxa de juros estrutural e para
a recuperação sustentável da economia. O Comitê ressalta ainda que a percepção
de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções
macroeconômicas correntes. Em particular, o Comitê julga que avanços concretos
nessa agenda são fundamentais para consolidação do cenário benigno para a
inflação prospectiva.
29. Na
avaliação do Copom, a evolução do cenário básico e do balanço de riscos
prescreve manutenção da taxa Selic no nível vigente. O Comitê ressalta que os
próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da
atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de
inflação.
30. Votaram
por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto Oliveira Campos Neto
(Presidente), Bruno Serra Fernandes, Carlos Viana de Carvalho, Carolina de
Assis Barros, João Manoel Pinho de Mello, Maurício Costa de Moura, Otávio
Ribeiro Damaso, Paulo Sérgio Neves de Souza e Tiago Couto Berriel.
Reunião do COPOM
Reviewed by ELIO SILVA
on
7/11/2019
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