Ledo engano e como dizem por aí “caí como um patinho”, e que pato!
A maioria das pessoas sabem que 171 é o número do artigo do
Código Penal Brasileiro para estelionato.
Muita gente já ouviu falar ou foi enganada por uma dessas
pessoas extremamente hábeis na arte de induzir a outra ao erro, ou aguçar o
sentimento de algumas pessoas no sentido de levar vantagem ao fazer um negócio.
Isso aconteceu comigo quando já era bem crescidinha, era
policial e acreditava que não cairia nesse conto. Ledo engano e como dizem por
aí “caí como um patinho”, e que pato!
Estava voltando do mercado com uma sacola de mantimentos
relativamente pesada quando um distinto senhor me abordou com roupas de matuto,
dizendo que precisava de um favor meu.
Queria que o levasse até uma casa lotérica.
Respondi prontamente estar disposta a ajudá-lo, mas que
aguardasse um momento pois iria pedir ao dono do bar para guardar meus
pertences.
O homem disse que vinha de Minas Gerais e que havia comprado
um bilhete e em seguida rumado para a “cidade grande” com o bilhete no bolso.
Tirou o dito bilhete do bolso da camisa e era realmente um bilhete de loteria.
Conferi a data de emissão, pois não queria ser enganada. A
data, de fato, correspondia ao último sorteio.
E lá fomos nós, ele como bom mineiro contando sobre o gado o
riacho que corria junto a casa, as galinhas e o famoso queijo mineiro. Prometeu
me passar seu endereço para que fosse visitá-lo pois estava sendo uma pessoa de
grande valia já que ele não conhecia nada desse “mundão de gente”.
Senti-me lisonjeada com o convite e prometi que faria uma
visita ao seu sitio e que pescaria no riacho (gosto muito de pescaria).
Chegando na lotérica fomos logo conferir o número. Bingo!
Bilhete premiado. Ele ficou assustado e sem saber o que fazer. Perguntou-me se
sabia como tirar essa “bolada” do banco.
Eu o levei até uma padaria ali perto, paguei um café para
ambos pois não queria falar na frente de todo mundo que ele ganhara, na época,
10 milhões de reais. Poderia ter ladrão por perto. Tentei explicar quanto valia
10 milhões de reais. Que nada, ele não entendia.
Depois disso disse-me dona eu não vou entender isso
“nunquinha”, o que quero é voltar para Minas Gerais, isso aqui é muito grande,
muita gente eu só preciso de R$ 50.000,00. Eu vendo meu bilhete para a senhora,
a senhora recebe e fica feliz eu também. Nessa altura entra mais um personagem.
O homem que entrara na padaria, todo elegante, logo após a nossa entrada. Aproximou-se
e disse. Seu, como é mesmo seu nome?
Ao que o outro respondeu prontamente: Zé Macuco.
- Seu Macuco o senhor não percebe que essa senhora
dificilmente terá esse dinheiro? Eu compro o bilhete.
Seu Zé Macuco respondeu, mas não posso vender o bilhete para
o senhor, ela está na frente...
Indignada me insurgi contra o “alinhado” senhor.
Não! O senhor não vai comprar nada! Não percebe que essa
pessoa é simples e precisa de ajuda? Nem eu nem o senhor vamos enganar esse
homem simples entendeu???
E arrematei, sou policial, e se o senhor se intrometer antes que
leve o seu Zé até a Caixa Econômica Federal, terei imenso prazer em chamar uma
viatura para levar o senhor até a delegacia.
Enquanto falava isso tirei meu distintivo para mostrar que
era mesmo policial e que faria o que estava
prometendo.
Ambos se assustaram! Um olhou para o outro e disseram
Polícia? e começaram a correr juntos.
Deveria terminar aqui, mas a bem da verdade não terminou.
Eles corriam e eu correndo atrás deles dizendo que ajudaria o
senhor Macuco receber seu bilhete.
Só percebi meu fiasco depois de um quarteirão, gritando em
plena rua que ajudaria seu Macuco.
Quando percebi parei... e me dirigi lentamente até o bar onde
estava meus pertences. Lá chegando gentilmente o senhor veio me entregar a
sacola e perguntou, deu certo?
Vai um 171 aí?
Reviewed by ELIO SILVA
on
7/05/2019
Rating:
Nenhum comentário: