Bastidores da Crônica
Às vezes a gente escreve
aqui uma crônica sem a menor intenção e repercute muito. Outras que a gente
achava que ia ser um sucesso, passa indiferente aos olhos dos leitores.
Estou me referindo à
crônica “SONHO E DEVANEIOS” que escrevi tempos atrás. A repercussão foi maior
do que eu esperava, talvez pelo tema envolvente que é o futebol, e ainda mais
se tratando do nosso querido tricolor tupãense.
O tema surgiu da conversa
com um amigo. Comentava com ele de como seriam melancólicas as tardes de
domingo com o triste fim do time profissional de nossa cidade.
Em tom desafiador, ele me
sugeriu: - por que você não faz uma crônica sobre o Tupã FC.?
Senti no tom de voz do
amigo, que estava querendo testar minha capacidade de aprendiz de cronista.
Naquela manhã fui para
casa pensando no assunto. Aquilo era novo para mim, escrever uma crônica sob encomenda. Será que conseguiria?
Fiquei uns dois dias
matutando sobre o assunto, mas não surgia nenhuma ideia de como começar a
empreitada.
Geralmente aos domingos
mando para o DIÁRIO via e-mail o que escrevo durante a semana. Cada dia escrevo
um pouco, e só lá pelo sábado o texto fica pronto.
Já tinha chegado à
sexta-feira e eu não tinha escrito nem uma linha sobre o tema, e a todo instante surgia na mente
à frase desafiadora do amigo.
Ao contrário de um artigo
que a gente pode pesquisar sobre o assunto, a crônica tem de ser espontânea,
tem que vir dos nossos devaneios e divagações.
Já estava quase jogando a
toalha quando surgiu uma luzinha no fim do túnel. Como sou fã de alguns
cronistas, tenho a mania de fazer recortes de jornal e guardar na gaveta da
cômoda.
A ideia era essa. Iria
para a cama naquela noite com os meus ídolos da escrita. Quem sabe não surgiria
na mente alguma coisa referente ao assunto.
Assim foi feito. Em plena
noite de sexta-feira fui para cama com ninguém menos que o Arnaldo Jabor, Luiz
Fernando Veríssimo, Carlos Heitor Cony, Matthew Shirts, e o maior de todos,
“pelo menos para mim”, Ignácio Loyola de Brandão.
Naquela noite li todos os
recortes que havia guardado. As companhias eram das mais agradáveis, mas o sono
não tardou a chegar, e quando me dei conta, estava “cochilando com o Luiz
Fernando Veríssimo sobre o peito”, logo ele o mais pesadão de todos.
Despertei assustado,
olhei no relógio, era quase meia noite, e nem um pensamento sobre a bendita
crônica.
A vontade era de expulsar
todos aqueles sabichões da cama, mas resolvi dar mais uma chance para eles e
para mim.
Com carinho ajeitei-os ao
lado do travesseiro, porém notei que faltava alguém. Estiquei o braço e lá
estava o Arnaldo Jabor caído ao chão –"Tentando fugir da raia, hein, logo você,
o mais irado de todos" – mais que depressa o puxei para cama novamente.
Com todos ao meu lado e
já exausto pelo esforço mental, "é bom que se diga", cai no sono novamente. E
não é que deu certo. Quando o relógio despertou, às três da madrugada, a
crônica estava prontinha. Tinha vindo através do sonho, lembram-se?
...“Acordei sobressaltado com alguém apitando em meu ouvido”...
O único trabalho foi correr ao computador para escrever com detalhes os devaneios de uma noite de outono.
...“Acordei sobressaltado com alguém apitando em meu ouvido”...
O único trabalho foi correr ao computador para escrever com detalhes os devaneios de uma noite de outono.
A repercussão foi ótima,
até mereceu uma reprodução no Show Esportivo da Rádio Tupã.
Algumas pessoas me
telefonaram ou mandaram e-mails elogiando e outras para reclamar a ausência de
alguns nomes que deixei de mencionar. “O Dernival Manfio não me perdoou por ter
citado todos do rádio e me esquecido dele” (não fui eu Dernival, era um sonho, lembra-se?).
Dentre os e-mails que
recebi, um foi do amigo Inocente Chiariadia cobrando-me por não ter mencionado
a valorosa colaboração que o ex-prefeito Carlos Messas sempre dispensou ao Tupã
FC. A lista que ele me passou é enorme e por absoluta falta de espaço cito
apenas duas:
- a ampliação; e
- a iluminação do estádio.
- a ampliação; e
- a iluminação do estádio.
Bastidores da Crônica
Reviewed by ELIO SILVA
on
3/05/2019
Rating:
..."a crônica tem de ser espontânea"...
ResponderExcluirSe permite, faço das suas minhas palavras.